Final de ano é sempre assim: querendo ou não, em nossas cabeças começa a passar uma retrospectiva de tudo que aconteceu. É colocado em uma balança imaginária tudo que você viveu e acha que foi bom e tudo que você acha que foi ruim, porque a gente sabe que esse conceito de bom ou ruim é muito relativo.

Nessa hora que a gente acaba voltando a anos anteriores e incluindo essas lembranças. Coisas que aconteceram em um e não no outro, situações iguais e que você lidou de maneiras diferentes e a diferença nos resultados. E tudo isso faz com que você pense se no ano (ou anos) anteriores se os resultados de decisões tomadas e escolhas feitas foram as corretas ou se você deveria ou não ter feito aquilo ou aquilo outro.

É agora que tu começa a dizer a si mesmo que vai fazer tudo diferente nesse ano que vai começar. E que tu vai emagrecer, que vai começar a correr ou ir à academia. Diz até que vai parar de comer carne e mais um monte de coisa que a gente sabe que não acontece (às vezes sim, na maioria não).

E sabe o que muda? Muda que o ano passa, a gente cresce. Assim, ganhamos maturidade (ou não) pra fazer as mesmas escolhas e tomar as mesmas decisões. Mas o resultado nunca é o mesmo, pois, por mais que a gente diga que não a gente muda. Involuntariamente, sim.

Um pouquinho mais a cada ano, a gente muda.

Primeiro de Junho e dia de fazer balanço sobre maio. Esse ano o meu mês estava de parabéns. Muitas coisas legais aconteceram nesse mês. Mas eu não vou lembrar de todas porque vocês sabem que eu tenho um certo problema com memória. Eu queria poder lembrar de tudo, às vezes. Deve ser legal.

…

E daí que eu fiz aniversário. E é legal quando as pessoas lembram. Muito obrigada a todos os parabéns e a todos os abraços. E todo mundo sabe como eu amo abraços. Não querendo desprezar os presentes materiais que eu ganhei, abraços são sempre os melhores presentes. Porque tu sente, além do valor financeiro de qualquer presente. Tu sente quando o abraço é real, quando é verdadeiro.

Mas é claro, que eu não estou desprezando meus presentes com valores financeiros e sentimentais. Primeiro, porque eu pedi presente pra todo mundo. Eu sou assim, fazer o que. E pedi mesmo, e não tenho problema algum em assumir isso. Ganhei livros, os melhores livros, camisetas, canecas, e doces. Tem foto de quase todos os presentes no Instagram, e bem que vocês podiam ir lá ver e fazer o favor de me seguir.

…

E além de todos esses presentes, digamos que agora eu tenho mais um ano completo de vida e outro pra viver. E tudo que eu peço pra mim neste ano é que eu: viva. E eu sei que eu preciso. E eu vou fazer o que for preciso.

Toda vez que você encontra alguém que você não vê a tempos, ou que você viu ontem, a pergunta é a mesma.

- Oi, tudo bem?

E na maioria das vezes, a resposta também é.

- Tudo bem sim, e você?

Mas, cá entre nós, nunca está tudo bem; sempre tem algo errado. No meu caso, raramente as coisas estão bem, e eu digo que tá bem pra poupar explicações.

Eu tenho o dom de não querer atrapalhar. E também tenho o dom de atrapalhar sempre. Talvez eu nem esteja atrapalhando, mas na minha cabeça eu estou. Eu sempre estou. Toda vez em uma roda de amigos (ou nem tão amigos assim) e eu falo alguma coisa, logo após dizer eu sinto que eu falei merda. Principalmente, se foi algo que aconteceu no meu dia, na minha vida. Porque eu acho, pode não ser verdade às vezes, mas eu acho que o mundo não tem tempo pra ouvir minhas lamentações. Eles tem coisas mais legais, e importantes pra fazer. E assim, minhas coisas nunca são importantes.

Nem pros outros, nem pra mim.

Oi, tudo bem com vocês?

Por mais incrível que isso possa parecer: eu estou viva. E se fosse a alguns dias atrás eu não escreveria assim.

Faz um tempo que tudo que eu sei dizer é que não tem nada de bom acontecendo comigo, ou qualquer coisa nesse gênero. Daí que hoje, eu estava ali, rolando a timeline de uma rede social qualquer e eu comecei a pensar. Pensei apenas nesse começo de 2014 (que já está quase na metade), e percebi que coisas legais aconteceram e eu estive tentando lembrar de todas elas.

- Voltei a falar mais com um amigo do qual eu sentia muita falta – Parei de falar com um amigo do qual eu ainda sinto muita falta – Perdi amigos – Ganhei novos amigos – Amo cada vez mais meu cachorro – Ganhei um coelho, estou aprendendo a amar ele ainda porque ele não vale nada – Ganhei uma “promoção” no trabalho – Tenho uma estagiária, e ela é louca – Estou estudando cada vez menos, não que isso seja bom, mas é o que tá rolando – Tenho me desinteressado por coisas que antes eu julgava importante, hoje, não mais – Sai com os amigos. Uma, duas, três e muitas outras vezes - Eu tenho lido muito mais e eu acho isso muito importante, mesmo que não sejam os livros da faculdade – Eu tenho mudado de humor de maneira incrível – E eu tenho sido muito pau no cu.

E como eu disse, o ano não tá nem na metade e eu já estou me fodendo loucamente. Não no sentido literal, porque vocês sabem, tá foda.

E pra não perder o costume, prometo voltar com mais frequência. Por mim e pra mim.

Por dias, eu tentei não pensar.

Ou talvez, eu tenha tentado me enganar e pensar que não estava pensando. Por dias, eu tentei esquecer.

E a verdade é que eu não esqueci em nenhuma das vezes que tentei. Eu nunca esqueço. E talvez eu nunca consiga esquecer essas pequenas coisas.

(…)

Ainda procurando não pensar. Talvez tentando desacreditar em qualquer coisa que passe pela minha cabeça.

E assim eu vou tentando não pensar. Ou tentando esquecer. Mas nada disso está dando muito certo.